Não impeçam as crianças: Reflexões no livro Pescadores de Crianças

Basta ler qualquer escrito de Charles Spurgeon para notar que a preocupação de agradar a todos com suas palavras não era uma de suas prioridades. Penso que o versículo 10 do capitulo 1 de Gálatas resume um pouco do que penso ao ler seus escritos.  "Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo." Gálatas 1:10
Mas por que eu iniciei o texto com essa observação? Bom, digamos que as reflexões de hoje não são lá muito confortáveis para nossos dias atuais. No capítulo 2 de seu livro, Spurgeon aponta algumas atitudes que vez ou outra temos e que resulta em empecilhos no caminhar das crianças até Cristo. 
Vejamos alguns:
1- A mensagem do culto passa por cima de suas cabeças
Nós sabemos que não há dois evangelhos, não há um para crianças e outro para adultos, mas citando Spurgeon, a verdade é que "muitas vezes o culto não oferece nada para elas, o sermão passa por cima de suas cabeças". É triste ver que alguns pregadores até se sentem bem ao usar em seus sermões palavras bem difíceis que poucos dos irmãos presentes compreendem, quem dirá os pequenos. Como saída para essa situação, muitas igrejas reúnem as crianças em suas classes desde o início do culto, privando-as do momento de louvor com toda a congregação, e de outros momentos igualmente valiosos. 
2- A conversão das crianças não é esperada
Muitos pensam que todo o ensino que transmitimos as crianças só servirá para elas no futuro. O pensamento que as crianças são pertencentes do corpo de cristo no presente, com necessidade de confissão de pecados e crescimento diante de Deus é quase inexistente, afinal, o nosso senso de que somos "naturalmente bons" é latente quando pensamos nas crianças. Suas conversões não são esperadas porque nem são cogitadas. As crianças na comunidade são vistas como aquelas que fazem algumas apresentações em datas especiais e que pintam desenhos em suas "salinhas".
3 Não acreditam na conversão das crianças
Em alguns casos, é esperado de crianças cristãs, atitudes que só podemos esperar de adultos. Suas peraltices próprias da infância, podem ser apontadas como características de uma falsa conversão. Spurgeon faz uma bela citação quanto a isso: "Certamente, não é necessário matar a criança para fazer o santo. Os mais severos pensam que um pequeno convertido deve ficar vinte anos mais velho em um minuto. Eu já ouvi relatos de pastores que não levaram a sério quando crianças os procuravam para dizer que queriam crer em Cristo.

Enfim, precisamos nos policiar quanto a alguns desserviços que prestamos aos pequeninos, no que diz respeito a apontar o caminho da salvação para eles. Encerro esse post com um pequeno trecho do capítulo em questão:
"O ensino de Cristo não era de que existe algo em nós que nos capacita para o Reino; e que um certo número de anos poderá nos tornar capazes de receber graça. Seu ensino era todo em outra direção, ou seja, de que nós não devemos ser nada, que quanto menos somos e quanto mais fracos, melhor; pois quanto menos temos de eu, mais espaço há para a graça divina dele. Impedir os pequenos era bem contrário à prática de Jesus Cristo. " (p.17-18)

Até breve
Abraços.

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